O sino do relógio marca o tempo de Jaguariúna
O Relógio parou! A linguagem do sino emudeceu! O povo chorou! A cidade tremeu! A Igreja de Santa Maria do Jaguary, construída no marco zero da cidade, de 1889 a 1894 pelo Cel. Amâncio Bueno é o marco de sua Fundação. Em torno dela projetou-se a Vila Bueno. Assim o fazendeiro de Café, iniciou um empreendimento imobiliário nas terras da sua Florianópolis. O povo aspirava a um relógio e a um sino em sua torre. O 1º sino chegou em 1929, doação de Dante Panini. Coube a Padre Guilherme Brucchäuser, pároco titular da Paróquia Santa Maria de Jaguari de 1921 a 1938, a empreitada de uma campanha beneficente a fim de que a Igreja Matriz pudesse ter o Relógio em sua torre. A Campanha iniciou-se em 1933. As Associações religiosas realizavam quermesses beneficentes, inclusive bailes. Nestas noites, o sacerdote realizava a “Reza” mais cedo para que houvesse tempo para o baile e quermesse. Houve um baile especial do Relógio! Pe. Guilherme foi a São Paulo comprá-lo, chegou em janeiro de 1935, veio técnico instalá-lo, segundo registra “A Comarca” de Mogi-Mirim. Desde então o sino acoplado ao relógio mecânico marca o tempo do Velho Jaguary. Horas alegres, alvoradas e festas, horas de oração, das Missas e das cerimônias, Horas do “Angelus”, horas da Penitência, horas frias, horas das Exéquias. A Igreja, o Relógio, os sinos são Patrimônio Cultural Material de Jaguariúna. A habilidade dos sineiros em seu toque nas diversas horas, os diferentes dobres, a indicação das horas, tudo foi formando este povo, esta cidade, orientando-o em sua diversidade de horas, em seus costumes. Constituiu-se assim um Patrimônio cultural imaterial. Dos tempos da Estação de Jaguary, do Distrito de Paz, quando se tornou Município, com a posse do 1º Prefeito e até hoje, a Matriz Centenária, seu relógio, seu sino, seus anúncios falam à alma e aos hábitos deste povo. Por isso a interrupção súbita do funcionamento do relógio mecânico em sua torre com a simples indicação das horas por seu sino fez a população chorar, neste 25/07/2018. É verdade que quase todas as funções dos sinos se paralisaram há muito tempo e dessa poética linguagem somos saudosos. Hoje ficou apenas na indicação das horas do relógio da qual o Povo não abre mão, porque faz parte do Patrimônio Histórico Cultural de Jaguariúna. O Povo unido brada pelo funcionamento do seu Relógio com a indicação das horas pelo sino de 1929. Os Vereadores da Câmara Municipal deram exemplo de atenção ao seu Povo com brilhante defesa em sua Casa de Leis, complementando a Legislação do Código de Posturas do Município em defesa do patrimônio da cidade. Cristalinamente, em nobres atitudes, representaram regiamente os reclamos de povo, neste 27 de julho. Sr. Jairo Machado do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN - lembra que a preservação da linguagem dos sinos é a preservação de parte da Memória, parte da História do povo. Ele é o corpo da cidade. O Patrimônio cultural, a memória, a história é a alma da cidade. Se o patrimônio Cultural não for preservado, povo e cidade perdem a sua Identidade. (Luciano Dias Pires). Tomaz de Aquino Pires