Memória dos Negros Pioneiros do Velho Jaguary - Família Malachias
Há anos esta Instituição de Memória pesquisa quais são as Famílias Negras que permaneceram no Velho Jaguary. É imprescindível que cada Família Negra traga todos os dados, documentos, informações de que possui para a Casa da Memória Padre Gomes. Relacionar sua genealogia e trajetória são fundamentais para esta pesquisa. Os negros ajudaram a construir a história local como tropeiros, carreiros, pedreiros, carpinteiros, serradores, oleiros, ferreiros, carroceiros, tratadores de bois ou de cavalos, farinheiros, jardineiros. Desenvolveram trabalhos especializados que revelavam o domínio do processo construtivo da taipa de pilão e da taipa de mão em muitas construções de nosso Patrimônio Histórico que foram erguidas por eles nas fazendas de café. Muitas negras tornaram-se cozinheiras nas casas grandes dos engenhos de açúcar do Nordeste. Nos meados do século XIX vieram para a lavoura do café no sudeste brasileiro. Bonitas negras também foram preparadas para damas de companhia, amas de leite, babás, cuidadoras, cuidavam das novas gerações. Ninavam os infantes com vozes canoras. Dançavam no ritmo dos tambores, na mistura de cultos, celebrando a fé e a vida. Rezavam, sofriam, choravam... Assim construíram muito, enriquecendo a formação da cultura brasileira entre suor, trabalhos, castigos, lágrimas, risos, cantos danças, preces e deliciosas iguarias. A Casa da Memória procura a contribuição das Famílias Negras pioneiras para o exato registro de nossa História local. Nossa pesquisa, até o momento, está incompleta, é passível de algum equívoco, e aponta várias Famílias. Muitas famílias negras cativaram seus patrões e permaneceram nas fazendas. Outras foram para as Terras do Padre Roque, conforme comentado anteriormente. De lá migraram para Campinas e para os arredores da Estação Velha da Mogiana de 1875, denominada Rua de Baixo, tornada Rua Capitão Ulisses Masotti em 1949, e, na década de 1980/90 Avenida Marginal, saída para Pedreira. Iniciemos: Dentre as pioneiras, busquemos memórias da Família Malachias: A Família do Sr. José Malachias é uma das famílias pioneiras. E dela já temos a genealogia com brilhante entrevista concedida pelos familiares. Esta digna família tem suas raízes na Fazenda Atibaia da tradicional família Moraes com o negro Modesto, alto, forte, trabalhador, selecionado para ser reprodutor naquela Senzala. Foram para a Fazenda Jaguary que se tornou Fazenda Santa Úrsula. Lá seu filho Nazário Malachias conhece Almerinda Moraes, local em que ela era dama de companhia junto aos patrões. Em seguida foram para a Fazenda da Barra. A família Guedes faz o casamento de ambos. Nazário era benzedor no final do século XIX. Forte, trabalhador, cavalgava. Morreu aos 109 anos. Dois de seus filhos permaneceram no Jaguary: José e Elisário. Este foi ferroviário da Cia Mogiana, aposentado, assim que perdeu um dos braços em acidente de trabalho. Era morador da Vila Vincenzo Granchelli, na Rua Alfredo Engler. Sr. José Malachias era casado com D. Maria Rosa tornou-se ferroviário da Cia Mogiana, foi também conhecido benzedor, sensitivo e curandeiro, muito procurado pelo povo da cidade e da região. O povo buscava cura para quebranto ou mau olhado, dores no corpo, picada de cobra, mal de amor, remédio com ervas para engravidar. Quando via uma pessoa relatava fatos ocorridos em seu passado e previa o seu futuro. Atendia sempre, graciosamente, filas de pessoas que o procuravam, segundo testemunham seus netos que o amaram. Adquiriu sítio na Capitinga. Família tradicionalmente moradora dos Bairros Berlim/Santa Cruz. Seus seis filhos, foram excelentes futebolistas do “União Esportiva Jaguariense,” enriqueceram os esportes da cidade e, hoje, seus netos e bisneta vencem campeonatos e levantam troféus na categoria do “Atletismo.” Parabéns à Família Malachias. Tomaz de Aquino Pires
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