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Jaguariúna nos anos 50


Desde 1º de janeiro de 1945 o nome deste Distrito de Paz, pertencente a Mogi-Mirim, tornou-se Jaguariúna. Em 30 de dezembro de 1953 tornou-se Município. Passou a ter vida autônoma como cidade com a posse do 1º Prefeito Municipal, Joaquim Pires Sobrinho, em 1º de janeiro de 1955. Nesta época, tanto os habitantes da Zona Rural, quanto os da Zona Urbana designavam o local como Jaguari e diziam: – “Vou à Vila”. “Cheguei da Vila”. E como sempre foi doce em nossos lábios e ouvidos a palavra Jaguari proclamada por todos. Em poucos minutos os meninos cruzavam–na em seus passeios diários. A antiga Vila ia da Rua Capitão Ulisses Masotti que era conhecida como Rua de Baixo. Era a rua que margeava a Estação Velha, até a Rua Dona Júlia Bueno, cujo nome foi trocado por Avenida Lauro de Carvalho, em 1949. E a Rua Dona Julinha passou-se a chamar Júlia Bueno. Portanto o centro tinha cinco ruas na horizontal. O centro vinha dos dois pontilhões ferroviários, muito baixos, que cortavam a Rua Cândido Bueno até a rua Dr. Fernando Costa. A Lauro de Carvalho não tinha guias, nem sarjetas. Para cima do Grupo Escolar, não havia mais nada. Começavam os sítios, logo, em seguida. O tempo era marcado pela torre da Igreja com seu Relógio, ali colocado por Padre Guilherme, em 1933. Os diferenciados dobres dos sinos anunciavam as alvoradas e festas, missas, novenas, hora do Anjo, Bênçãos Eucarísticas, enterros. O Chico do Padre, sacristão, repicava-os. Os alto-falantes de Padre Gomes complementavam a comunicação que faltava. A Rua Cândido Bueno era calçada com paralelepípedos desde os pontilhões da Mogiana até à esquina com a Rua José Alves Guedes e a Rua Cel. Amâncio Bueno foi calçada desde a frente da Igreja até a esquina com a Rua Alfredo Engler. As ruas todas eram de terra. Havia poeira e muitas casas não eram forradas. Havia pouquíssimas conduções, alguns carros de praça, alguns caminhões, o Carroção do Matadouro que abastecia o açougue. Algumas famílias começaram a comprar seus primeiros carros no final dos anos 60 com o advento da “Wolkswagen”. No geral, o povo possuía o saudável hábito das caminhadas. Era um povo andarilho. O transporte maior era tração animal vindo dos sítios: cavalos, cavaleiros, charretes, carroças, cabriolés que contornavam o Largo da Igreja Matriz nos horários de Missa aos Domingos e Dias Santificados. Os meninos andavam descalços, as ruas de terra danificavam os sapatos. Eles voltavam com frequência aos sapateiros para colocar meia-sola e engraxar. Em cada quadra havia um sapateiro: Emílio Bergamasco com o filho Carlitão, Júlio Corsi (Pai), Lindo Ferrari, Nicola Rossi. As sapatarias tinham muito serviço nos finais de semana e abriam aos domingos de manhã para entrega dos mesmos. Eles folgavam nas segundas-feiras, quando pescavam. Destas pescarias surgiam muitos casos que eram contados aos clientes e amigos frequentadores daqueles divertidos espaços. Quando exageravam nos casos e alguma mentira era flagrada, Carlitão batia com seu martelo em uma enxada. Muitos da rua acorriam ao local para saber do novo caso. Nós, meninos, com a bola de capotão debaixo do braço, brincando pela vila e jogando nos campinhos improvisados, como radares, íamos registrando o que víamos e ouvíamos e apreciando o nosso Jaguari, por onde passávamos...Jaguary era um mel! Tomaz de Aquino Pires

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