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Pousos, roças, povoados e sesmarias: a colonização do sertão


Na foto: Detalhe na “Carta cortográfica da Capitânia de São Paulo”. Dos limites do Estado de Minas Gerais com o de São Paulo, em 1766.  Prancha nº 12.

O intenso fluxo pelo sertão resulta na expulsão de grupos nativos par locais mais distantes, no extermínio ou no aprisionamento de índios. Esta população desapareceu, em grande parte, já no primeiro século de colonização do atual estado de São Paul. Em 1726, pela primeira vez é mencionada oficialmente a existência de assentamento indígena na região situada entre os rios Camanducaia e Jaguari. A noticia da existência de ouro em Goiás teve como consequência imediata um aumento do tráfego e da ocupação das terras ao longo do caminho de acesso a esse novo núcleo criador de riquezas, seja por concessão de sesmarias, seja por posse pura e simples de uma população dedicada a uma cultura do excedente, produzindo para o próprio consumo e exercendo o comércio com os viajantes. Com a intensificação da circulação de tropas e sertanistas nesse trajeto, os interesses da população das roças em auferir lucros com o fornecimento de abrigo e mantimentos para os viajantes juntaram-se as preocupações da Coroa em facilitar, de forma controlada, as vias de acesso ao ouro. Neste sentido, uma série de sesmarias localizadas no percurso foi solicitada, tendo como justificativa a instalação de pousos, “para a comodidade dos viajantes e aumento do real dízimo”.

Paulatinamente, a convenção do uso desse caminho mantém a circulação periódica de negociantes, tropeiros, autoridades ou simples aventureiros e contribui para fixação de moradores ao longo do percurso. O transporte realizado pelos tropeiros, facilitado pela topografia do Caminho, ao cortar terrenos poucos acidentados, permite o tráfego no lombo das mulas, em tropas e, mais tarde, emcarros de boi que comportavam cargas maiores e representavam transportes mais seguros, em viagens que se prolongavam por até seis meses. Na beira do caminho iam-se dissiminando ranchos, roças e vendas de gêneros da terra e surgindo locais para o abastecimetno e pernoite, os pousos.

A pequena população dos pousos, contava com alguns escravos, crioulos ou africanos que dividiam os encargos da produção com a ajuda do mestiço semi-servil ou agregado, ou seja, a população indígena que vivia sob a tutela dos colonizadores e, junta, plantou roças de arroz, feijão, milho, mandioca; fabricou aguardente e rapadura. Alguns roceiros foram também rancheiros e, nestes locais, além da venda de gêneros da terra, criaram situações para o abastecimento, pouso para tropeiros e pasto para mulas de carga com os “administrados”. Eram indivíduos ou famílias que contavam apenas com o próprio braço para começar a vida no sertão.

O número de pousos instalados no trajeto tem sido objeto de controvérsias, em função da disparidades das informações existentes. Varia segundo as fontes documentais e os anos focalizados. Até mesmo os censos, iniciados 1765, apresentam incongruências que não permitem qualquer afirmação mais precisa sobre o assunto. Entre a cidade de São Paulo e as margens do Rio Grande, durante o século XVIII, foram identificados até 40 pousos, metade dos quais situados ao norte da atual Casa Branca. Em 1767, o censo registrava 20 pousos no trecho acima citado, 11 dos quais situados ao sul do rio Pardo, um na sua margem e outros oito entre os rios Pardo e Grande.

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