Série imigração: imigração espanhola - família Marim
No dia 21 de dezembro de 1905, uma família desembarcava no Porto de Santos, procedente de Andosilla, Espanha, a bordo do Navio Neustria. Eram Jorge Marim Sacabla e Nicolasa Lesaca trazendo seus filhos: Julia, Jerônimo e Maria. Iniciaram humildade iniciaram sua luta nas terras da Fazenda Santa Úrsula do Barão de Ataliba Nogueira. Os lavradores do café foram alternando roças pela região de Amparo e Pedreira. Jerônimo conhece Rosária Daldosso no Bairro de Pantaleão, em Amparo com quem se casa. O café já não era mais o produto Rei, mas a agricultura investia nos cereais, no algodão e em diversas culturas que caminhavam, paralelamente com a pecuária. Nasceram os primeiros filhos em arrabaldes diversos: Ângelo, Aparecida, João, Jorge e Cármen. Em 1942, Jerônimo volta para Jaguary. Nascem mais quatro filhas: Maria Olímpia, Maria Inês, Lúcia e Bernadete. Aqui trabalharam arduamente em várias propriedades lavrando a terra de vários sítios e fazendas deste município. Por onde passavam além do trabalho de roça, as filhas preparavam as crianças para a Primeira Eucaristia. Lideradas pela irmã mais velha Aparecida falavam sobre Jesus e seus Evangelhos até debaixo de árvore, quando não havia um cômodo para ensinar o catecismo às crianças. Moravam em colônias, às vezes o piso era de terra. Outras vezes em casarões antigos de assoalho envelhecido. Porém todos estes diversos pisos de casa cheiravam a mais perfeita limpeza e rigorosa higiene. A roça e a pobreza serviram como incentivo para as filhas mais velhas, sem condições para estudo, que conseguissem revistas estrangeiras para aprenderem o corte de costura e o bordado em ponto cruz. E ensinavam às mais novas. Costuravam os arranjos de cama, toalhas de mesa e banho, cortinas para janelas e portas e bordavam-nos com capricho. O tecido forte vinha dos sacos de algodão trançado. Eram sacos que traziam cereais a granel. Eram alvejados. Assim como costuravam grandes sacos que se tornavam colchões cheios de palhas de milho e travesseiros com penas de aves. Estas produções domésticas eram comuns até meados do século XX. Não havia dinheiro. Havia muito trabalho, economia e planejamento. Por isso as famílias venciam. A Família Marim viveu do trabalho como lavradores até 1955. Nesta época estabeleceu-se no Bairro Santa Cruz onde havia pouquíssimas casas. Aparecida, sempre catequista, estudou e tornou-se enfermeira no Hospital “Irmãos Penteado”. Orientou as irmãs para a catequese e estudo. Ângelo, barbeiro, não casou. Jorge morreu jovem. João casa-se com Neiva Joana Santino. Cármen casa-se com Toninho Gonçalves. Maria Olímpia casa-se com Arnaldo Saviolli. Inês casa-se com Dante Saviolli. Lúcia casa-se com José Carlos Rossi. Bernadete casa-se com Hélio Marçal. Lúcia e Bernadete formaram-se em Assistência Social. Aposentaram-se após dignificante jornada em benefício de serviços públicos onde atuaram. As Irmãs Marim sempre comungaram do mesmo espírito de servir o próximo e de formar lideranças comunitárias, abertas ao voluntariado nas atividades sociais e religiosas. Lúcia participou da formação da “Vida Ascendente” junto à Igreja na década de 1990. E, hoje, continua em plena atividade, com equipes multiplicadas em reuniões semanais. Uma atividade de destaque é o “Bazar da Padroeira”. Senhoras de terceira idade expõem sua obra artística em tradicional exposição de Artesanato no mês de setembro. Os exemplos edificados pelos membros desta família enriqueceram a sociedade local. A Família Marim sempre primou pela vontade inata de todos de progresso, de estudo, com moral sólida e dignidade alicerçada nos ensinamentos cristãos. Bernadete Marim recebeu o Prêmio do Programa “Famílias Pioneiras”, representando todas as irmãs Marim. Esta Imigração Espanhola tornou-se exemplo para Jaguariúna. Tomaz de Aquino Pires.
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