Série imigração: imigração italiana - família Munaretti
“A Comarca”, semanário mogimiriano, edição de 26/06/1919, trouxe interessante reportagem sobre Movimento Industrial na Vila de Jaguary. Havia lavoura e comércio. As famílias lutavam com criatividade para sobreviver. O jornal mostra a história de uma família pioneira e o seu trabalho diário construindo o progresso industrial. No campo vicejava a agricultura. Na vila, o comércio. A força das águas dos rios girava uma roda grande de madeira que impulsionava máquinas que trabalhavam o produto da lavoura: movimento industrial. Era a roda d’água que beneficiava o arroz, moía o milho, produzia o fubá, e da mandioca se tirava a farinha. Era o dia a dia da família de Alexandre Munaretti, imigrante italiano, que já havia carpido muito café e com planejamento e economia de guerra compraram suas próprias terras: a Fazenda Roseira. Agora, estabelecidos, a luta continuava para manter o patrimônio. Ele havia casado com outra imigrante italiana, Adele Poltronieri. Adele era irmã de Lucillo, Luís e Leandro Poltronieri. Alexandre e Adele tiveram quinze filhos. Nove mulheres: 1 - Maria (Mariquinha da Pensão) casada com Mário Picelli; 2 - Herminda (Orminda) casada com Fiorindo Granchelli; 3 - Delphina casada com Thomaz Jasso; 4 - Ida casada com Maximino Bilar; 5 - Linda, seu marido voltou para a Itália; 6 - Carolina, solteira; 7 - Adelina (Adele) casada com Francisco Buonno, 8 - Angelina, solteira e 9 - Rosa faleceu criança. Seis filhos: 10 - Luiz casado com Maria Moreno Múrcia (Mariquinha); 11 - Antônio casado com Argentina, 12 - Benedito casado com Vitalina Capusso; 13 - Hermínio casado com Úmile, 14 - Helanos casado com Sra. Gobbi (1º casamento). Viúvo, casou-se com Sra. Áurea e 15 - Narciso. A Fazenda Roseira era uma propriedade agrícola e industrial e o seu proprietário era autoridade policial na vila e elemento de prestígio da direção republicana. Sempre presente aos movimentos políticos e sociais e comemorações de datas cívicas, inclusive italianas, com desfiles, bandas, leilões e concorridas Tômbolas (Bingo) no Velho Jaguary. Alexandre recebeu na Fazenda Roseira, a visita de “A Comarca” que foi acompanhada do correspondente de Jaguary, Caetano Santos Pereira. A sede ficava no alto, local onde hoje se encontra a grande rotatória Campinas-Mogi-Jaguariúna, próxima do Rio Jaguari. Foi preparado e servido pelas filhas, delicioso almoço às visitas. Depois foram conhecer a seção industrial à beira do rio. Muitas máquinas que eram abrigadas em amplos barracões que serviam também como depósito de cereais.Havia dois grandes aparelhos para prensar mandioca e dois tanques de alvenaria e cimento para lavagem dela. Notavam-se dois raladores, grande forno giratório automático para secar a farinha. Um hábil mecânico da Vila de Posse, Sr. Querino Semeghini construiu e instalou o forno que levava vantagem sobre outros fornos, mais lentos que eram ainda usados. A peça dispensava operário, recebia a farinha de uma calha, seca e despejava a pronta nos sacos. Em outra seção encontrava-se o moinho de fubá; pilões para arroz e milho; engenho de cana e apetrechos respectivos, tanque e tachos para garapa; alambiques para fabricação de aguardente e açúcar, máquina de beneficiar arroz; carpintaria, tornos, serra circular, rebolo para afiar ferramentas e tornearia de objetos fantasia, de madeira.Todos os numerosos mecanismos eram movidos pela citada roda d’água que o Jaguary movia dia e noite, gratuitamente. O Sr. Munaretti produzia de 70 a 80 sacos de farinha de mandioca, semanalmente. A redação de “A Comarca” registrou sua satisfação pela visita por ver o resultado do esforço do valente trabalhador e registrar que o movimento da fábrica era dirigido pela esposa e pelos filhos e filhas do proprietário. Os visitantes percorreram o rico pomar e parte da lavoura de cereais, agradeceram a grata recepção, cumprimentando a operosidade de todos, digna de louvores. Parabéns à família de Alexandre Munaretti. Tomaz de Aquino Pires.
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